"A
florzinha nasce, cresce, se desenvolve e morre". Muitas
vezes, essa explicação sobre os seres vivos já nos dá a ideia de que a
criança tem a capacidade de entender que tudo morre.
Portanto,
achar que eles não conseguem entender a morte, não é tão verdade assim.
Esse pensamento aparece mais por conta da dificuldade que os adultos têm perante
a morte.
É
natural que, não imaginemos falar tão cedo sobre morte com elas. Muito menos,
contar que alguém faleceu.
Fala-se
que tudo morre. Mas, evita-se ao máximo falar da morte dos seres
humanos. Da própria morte! Fala-se então, da florzinha, do
cachorrinho, do gatinho, da plantinha, etc.
Alguém
falece e como explicar isso ao pequeno? Deve-se explicar? Ele entenderá?
Para os
próprios adultos é difícil lidar com a morte. Apesar de atualmente, o assunto
ser mais abordado, ainda é tabu em muitas sociedades e seus grupos. Então,
como aceitar e encarar que uma criança lide com tal situação?
Os
próprios adultos tentam buscar e resignificar seus conceitos sobre a morte.
Fala-se das mais diversas hipóteses: vida pós-morte, meios de contato, etc. De maneira geral, tudo referente àquilo que dizem ser: “a única certeza da vida”. E isso
também é questionável: talvez, a única certeza da vida, seja a
própria vida, pois sobre a morte, pouco se sabe!
Numa
tentativa com intuito de “proteção”, pais e familiares evitam o contato da
criança com a morte. Seja contar-lhes (que alguém faleceu) ou mostrar-lhes (a
pessoa falecida). Às vezes, tem-se a ideia de que evitar o contato da criança
com a notícia da morte seja a melhor opção. Não necessariamente! Não é preciso
dizer sem cautela nenhuma que alguém faleceu. Mas, pode-se contar de forma
lúdica, de maneira que ela entenda a situação e principalmente, saiba que
a pessoa não será mais vista. Mentir nunca!
Digo a
pessoa, pois falo do humano. Mas, esse contato com a morte não se restringe ao
ser humano. Pode, por exemplo, acontecer através, dos bichinhos (ou de
estimação). E acredite: é tão duro quanto! A morte não distingue bichinhos de
pessoas, ela leva algo ou alguém. E a dor sempre tem o mesmo nome e peso: dor.
Para não
ficar extenso (o assunto é muito abrangente) vou me deter a falar da morte
humana.
Como os
adultos, ela (a criança) também precisa elaborar seu luto e cada um tem sua
forma para isso.
Prestar
atenção aos termos usados ao falar com os pequenos. Frases como: “Foi para o
céu” e nenhuma explicação de que ela não verá mais a pessoa, poderá confundi-la.
É mais interessante dizer que a pessoa viveu e foi para um lugar bonito como o
céu e que a partir de agora, não será mais vista por perto. Outra muito usada
entre adultos é: “Pelo menos descansou”. Essa também pode confundir, uma vez
que não se sabe o que ela entende por descansar, já que descansar dá a ideia de
cochilar e depois voltar disposto.
É importante que o adulto esteja, pelo menos no momento em que for falar
com a criança, bem, inteiro... De nada adiantará contar a notícia de forma
linda e compreensível e chorar aos prantos. Essa atitude também a confundirá.
Claro que o assunto é doloroso e não é fácil, muitas vezes escapam lágrimas, e
não é possível contê-las. Mas, é preciso que a criança veja que alguém
está bem, para que ela também tenha a quem recorrer. E ainda, é interessante
poder oferecer o contato com os sentimentos. Ela verá que você também sente,
chora, fica triste...
Seja qual
for a situação, é preferível tentar da forma mais acolhedora possível,
dividir o acontecimento. Algumas maneiras incluem: abaixar-se, ficar na mesma
altura que ela. Tentar estar o melhor que conseguir para o momento e
nunca, nunca mentir. A ideia é estar junto da criança e não escondendo
algo. Essa falsa ideia de achar que estará preservando-a, na verdade,
implica em bloquear sua própria elaboração de luto.
Há muito
campo na Psicologia, Psiquiatria, Sociologia e outras áreas que estão
aprofundando estudos.
Para quem
quer saber mais, recomendo os livros de Elisabeth Klüber-Ross, psiquiatra que
contribuiu muito com seu conhecimento.