sexta-feira, 25 de maio de 2012

O poder da escolha gera respeito, você sabia?

Lembro-me do tempo, em que minha mãe me levava para tomar café da tarde na casa de minha tia. Tempo bom! Passávamos juntas, mãe e filha, para comprar o pão. Aquela mesa (que para mim, era linda) sem muitos detalhes: Pão, café, manteiga e quando muito, requeijão e bolo. Mas, lembro-me também em algumas dessas visitas, minha mãe que parecia ter um momento de sintonia, supunha que algo eu ia aprontar e me direcionava aquele olhar penetrante que de alguma forma eu sabia, significava: “Não faça isso, tenha modos!”.
Minha geração e gerações anteriores foram criadas por pais mais sérios. Sérios é uma boa palavra, muita gente citaria: “severos”, “duros”. Eu cito essa: sérios. Porque não eram severos ao ponto de me castigarem por tudo, mas também não eram do tipo “aceitamos tudo”.
Houve uma época, em que pais, sem todo o acesso ao conhecimento que se tem hoje, eram sábios em suas posturas educativas e de formação. Eram excelentes negociadores, principalmente, com os filhos! 
Sim, acreditem! A conversa era simples: “Filha, você precisa de um tênis? O papai e a mamãe não têm dinheiro para o que você quer. Mas, podemos ver outro modelo”. Ou ainda: “No fim do ano, se você tiver notas boas e passar (de ano) a gente conversa”. E a clássica: “É esse é pronto!”. Vocês têm ideia do quê isso significa? Do que está por trás disso? Pensemos juntos:
Escolhas: Aqueles pais davam a opção de escolha. Davam-lhes a oportunidade de se esforçar ou se frustrar. A criança saberia que se estudasse e passasse de ano, ganharia aquele tênis. Mas, que se não passasse e tivesse notas vermelhas não teria o tênis. Tinham respeito por seus filhos e os agregavam ao que acontecia à família que ele pertencia. Tratavam-nos como seres humanos. Ler ou lembrar-se disso é quase uma novidade, não é mesmo? Sabem um dos “por quês”? Porque vivemos em uma época em que a escolha, o respeito e os valores estão completamente reconceituados. E pior, recriados à favor das justificativas de mimos.
O respeito: Porque ninguém mais escolhe. Ninguém mais faz o exercício de pensar. As crianças apontam, dentre mil objetos, comidas e outros itens, e sem esforço nenhum, ganham determinado “presente”. As crianças são verdadeiras administradoras, originais contadores e os mais novos economistas. Hoje a equação é simples: Eu não penso no que quero e muito menos no que preciso (vide precisar como deveria ser: uma necessidade. E não precisar o que todos os outros têm; o típico: “eu preciso ter também”). Vejo, por meios de comunicação (dos mais diversos e rápidos possíveis) e apenas, aponto e digo: “É esse”.  A criança não se respeita. Se os pais não se respeitam, como querem que os filhos se respeitem? Como posso querer que meu filho estude mais, se ele tem, tudo que tenha final “book”, menos o livro em si. Todos os mais diversos meios de comunicação para “colar na prova”, ao invés de estudar como fazíamos há apenas vinte anos atrás? Ir à biblioteca pesquisar? Ler a nossa rica literatura? Fazer alguns cálculos? Pais, esses éramos nós. Hoje a era é deles.
Os valores: Que valor a criança pode dar ao esforço de um pai que ela quase não vê durante o dia porque trabalha muito? Mas, que quando consegue, ela dá o aviso prévio do que quer e o pai concede? Que valor a criança terá de frustração? Dizer “não” aos pequenos é saudável de vez em quando! Mas, “Eu sofri tanto na minha infância, que quero o melhor para meus filhos, não os quero sofrendo como eu sofri”.  Diga "não" a eles para que possam repensar também, entender e achar seus próprios significados. Que valor ele dará aos laços familiares como, por exemplo, os horários da família junto, se atualmente cada um da casa (inclusive a criança) chega a determinado horário e cada um faz a refeição no horário que quer? Como posso querer que meu filho goste quando a vovó e o vovô vão em casa, num mundo em que tudo é rápido, novo e descartável? Num mundo em que pessoas com trinta anos são consideradas velhas e meninas de quinze anos já pensam em Botox e correções estéticas?
É preciso começar a desacelerar um pouco. Parar. Ter mais momentos juntos. Cozinhar com a família e de preferência comerem juntos. Se possível... conversar.
Já que a Era é tecnológica, quem sabe aproveitar melhor, os recursos da internet e do computador e usá-los para estudar com mais proveito. Mostrar História, músicas, contos e particularidades suas com esse advento?
Sentar-se com álbuns de fotos e mostrar sua família pra eles. Ler histórias, jogar jogos de tabuleiro. Conversar. Viajar. Mas, para algum lugar que gostem de verdade e não só porque apareceu na propaganda de pacotes promocionais.
São situações simples, mas que fazem diferença. Sair do rápido e prático e ir um pouco para o trabalhoso, mas mais prazeroso.
Hum... Já posso sentir o cheirinho daquele café de minha tia no coador...
...E não na cafeteira elétrica.
Boas recordações para vocês!


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Reciclando... Breve apresentação


Escolhi o nome do blog pela vontade de compartilhar e trocar pensamentos.
Como disse na área “sobre mim”, antes de ser psicóloga, sou ser humano. E pensando assim, por que não criar um espaço em que possa interagir "o que sou” com “o que faço” e ainda, “o que são” com “o que fazem”?
Estamos em um momento, que é primordial o comportamento de separar artigos recicláveis. Fazemos cursos de reciclagem para poder dirigir nossos automóveis. Mas, muitas vezes, não reciclamos pensamentos, sentimentos, atitudes e tudo aquilo que tem a ver com nós mesmos.
Este espaço é uma reciclagem minha, que quero dividir com vocês. Criei-o com o propósito de: interagir sem tantas denominações disso ou daquilo. Não quis restringir “só o que faço” ou “só o que sou”.
Pensei: se criasse e entendesse este blog apenas como profissional, me limitaria a levar “só o que faço” para o mundo. E me colocando com essas duas partes: tenho mais deveres, responsabilidade, prática ética e moral a seguir, do que se fosse apenas um blog profissional. Pois, ser ético, correto e honesto não cabe apenas nesse âmbito (profissional).
Quem sabe, começando pela reflexão de pensar em por que, quando queremos saber mais sobre uma pessoa, pergunta-se: “O que você faz/é?”. Até porque será mesmo que o que ela faz é o que ela é?
Porque não somos apenas, o que exercemos profissionalmente. Somos TAMBÉM o que exercemos profissionalmente.
Somos humanos!