quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bullying de ontem, hoje e amanhã

     Bullying é um dos fenômenos mais falados atualmente. Sua denominação caracteriza situações de agressões que podem ser físicas ou verbais, assim como presenciais ou virtuais.
O termo vem da Língua Inglesa, da palavra "Bully" que traduzida tem o significado bruto de "brigão". O que se entende ser o ato de humilhar, amedrontar, intimidar alguém de forma proposital e muitas vezes, repetidamente.
Ele pode acontecer em muitos ambientes e um dos mais comentados é no escolar.
Beiro os trinta anos e posso dizer que, na minha infância e adolescência não existia nome para isso. Assim como o Racismo era falado, mas não respeitado. Era muito comum ouvir: "o japa", "o negão", "o alemão", "o chinês", "o careca", "o gordo", "o baixinho", "a magrela", "a grandona", ”o vesgo” , "a altona", " a bonitona", enfim... Inúmeros adjetivos para todos. E por mais que tais nomes machucassem e causassem tristeza para os assim chamados, nada era feito e as pessoas pareciam não pensar no assunto. Não quero aparentar reclamação por dizer que ninguém pensava no assunto. Quero passar a ideia de que isso não era pensado (por algum motivo que não sei especificar - talvez, éramos mais inocentes? Não sei) e acho rico, que hoje, estudem, falem e analisem as situações. É muito importante, pois as consequências podem ser marcantes na vida da criança ou do adolescente.
Acredito que não sejam, só as denominações tidas como maldosas, as que causem funções negativas. Em outras palavras, crianças e adolescentes considerados muito bonitos ou bons em determinados campos também acabam sofrendo isolamento.
Temos três realidades que são as que quero comentar aqui: O bullying passado que é aquele que aconteceu antes de estudarem o assunto e assim o chamarem, o presente que é o que se fala atualmente e o futuro que podemos apenas, dar palpites de como será.
Hoje, temos a internet. Não podemos não considerá-la. Redes sociais são quase que casas virtuais e lá se recebe quem  se quer (na suposta casa). Vive-se virtualmente.
 Minha vontade em falar do assunto, despertou a partir do contato com um grupo formado em uma rede social. Seus integrantes: alunos de uma mesma escola. Lá resolveram juntar-se e usar o espaço para: postar fotos, comentar sobre o antes e o depois, combinar reencontros, etc. O que fosse possível. Em determinado momento, me atentei em observar que alguns integrantes não foram aos encontros, pareciam estar envergonhados, demonstravam sentimentos de que gostariam de ir, mas não se sentiam acolhidos (QUE FIQUE CLARO QUE ESSA É MINHA IMPRESSÃO). Na verdade, o grupo parece ter adicionado muitas pessoas, mas no fim, apenas os mesmos (amigos do passado e talvez, ainda no presente) foram os que organizaram e foram aos encontros (sem haver exclusão da parte deles, ou seja, convidaram todos, mas nem todos foram).
Pergunta: Como fará aquele aluno que quer ir, mas que se sentia rejeitado na época (da escola) para ir ao encontro?
Pensemos: essa pessoa cresceu numa época em que bullying não era bullying.  Era um apelido (ou inimizade do amigo) e ponto final. Na época, ele tinha duas possibilidades: contar para os pais e escola (que muitas vezes, diziam para ser forte e enfrentar ou se afastar do amiguinho que o magoara) ou ir pra casa (sem, muitas vezes, contar para pais ou escola) e fingir que não era com ele (embora a atitude tivesse um impacto psicológico no sujeito. Causando sofrimento da mesma forma). Essa pessoa cresceu e entre as várias possibilidades de como aprendeu a lidar com o mundo, uma delas pode ter sido a de se afastar. Afastar remete ao medo. Ao não enfrentamento. Ao ato de não ir, de desviar. Saudável? Não sei. Foi a forma como aprendeu a lidar.  Anos se passaram, e via internet (sim, a internet trouxe a possibilidade de termos que criar outros desvios na vida - se antes eu fazia de tudo para não encontrar aquele "cara" que "ria de mim" na infância - na internet ele veio sem ser chamado e preciso aprender de alguma forma a lidar com isso novamente)  ele encontra seus amigos de infância. Os mesmos que o levaram muitas vezes, ao isolamento. E que eram idolatrados por outros amigos. Sim! Os "valentões" eram, muitas vezes, tidos como legais. E eis, que EM MINHA OPINIÃO, aquele mesmo sentimento da infância, volta. É como se naquele grupo feito na rede social, voltassem todos a ter dez anos de idade. E isso traz o sentimento de desprezo, isolamento, falta de acolhimento.
Seguindo esse raciocínio penso o seguinte: a criança ou adolescente dos anos oitenta, noventa (ou anterior) têm sua forma de lidar com o mundo completamente diferente da criança ou adolescente dos anos 2000.
Hoje, todos se atentam mais ao assunto. Pais e equipe escolar percebem mais rápidos se aquele aluno está ou não triste por alguma atitude do colega ao lado. Alunos se preocupam mais, antes de chamar o amigo de "gordo" ou "baixinho", crianças e adolescentes sabem mais sobre bullying do que especialistas no assunto. Ou seja, há um lado mais "afável" nisso tudo, uma boa convivência, certo cuidado com o outro e consigo mesmo. Mas, há um lado negro também. "Eu não falo, mas continuo pensando". Não falo mais: "E aí grandão?", mas penso: "Nossa! Que grandão!". E sabem? Uma das coisas que acabou acontecendo é muito comum em diversos assuntos: Apenas, coloca-se um véu sobre o tema. No fundo, no fundo, o problema é o mesmo: Educação!
Precisamos pensar educadamente. Não adianta não falar mais, mas pensar. Pois, o pensar leva à atitude. E no fim, continua-se tratando o "magrelo" como "magrelo", embora não o chame dessa forma. Isola-se do mesmo jeito.
Penso que, enquanto a educação não for foco, continuaremos (e aqui posso chegar perto de dar meus palpites sobre o futuro) no estudo e não na solução (e muitos dirão: Se é que há solução). Acho muito importante o estudo do que são as coisas, mas seria mais interessante ainda pensarmos e nos dedicarmos também à solução (mesmo que não haja uma uniformidade), vista também em assuntos como a prevenção e promoção de Saúde, por exemplo.
Concluindo: não adianta eu pedir para que criança me conte se alguém o destratar. Muito menos, dizer para não chamar o amigo de "gordo". É Preciso ensiná-lo a pensar que o menino ao lado, que estuda com ele, é tão humano quanto os outros. Não importa suas qualidades físicas ou mentais. É necessário ensinar que se algum colega o faz sentir-se mal, busque suas formas de lidar com aquilo: tentando conversar com o amigo ou com familiares ou profissionais da escola, por exemplo. Mas, isso tudo com tom de acolhimento e não de: "Conta o que te falaram para eu ir lá reclamar". Até porque, antes de tomar essa atitude temos que pensar que essa criança ou adolescente se sentirá mais exposto ainda.
E um ponto muito importante também, é que crianças reproduzem atitudes de adultos. Então não são só eles que têm que pensar educadamente, os adultos ao redor também.
Fica minha tentativa de colaborar em levar o conhecimento de grandes estudiosos (não a fazer sensacionalismo do assunto - porque mostrar situações de bullying é fácil - difícil é mostrar o que se deve fazer para que não aconteça) sobre ao que mais tentam mostrar com suas especialidades: o que é possível fazer para evitar tais comportamentos.
Não sou especialista no assunto, mas recomendo o livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz de Cléo Fante.

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